Lygia Fagundes Telles

Contista e romancista, Lygia Fagundes Telles nasceu em São Paulo, mas passou a infância em pequenas cidades no interior do Estado. Lygia Fagundes Telles começou a escrever muito cedo, o que a levou a considerar seus primeiros livros "muito imaturos e precipitados". Segundo o crítico Antonio Candido, o romance Ciranda de Pedra (1954) seria o marco da sua maturidade intelectual. Concordando com esse critério, a autora considera a sua obra a partir dessa data. Participante e testemunha desse tempo e desta sociedade, a escritora classifica sua obra como de natureza engajada, ou seja, comprometida com a condição humana nas suas desigualdades sociais.

Lygia Fagundes Telles tem participado de feiras de livros e congressos realizados não só no Brasil, mas também em Portugal, Alemanha, Espanha, França, Itália, República Tcheca, Suécia, Canadá, Estados Unidos e México, países nos quais foram publicados seus contos e romances. Condecorações: Ordem do Rio Branco (Brasil), Infante Dom Henrique (Portugal), Ordre dês Arts et dês Lettres-Chevalier (França) e Orden Al Mérito Docente y Cultural Gabriela Mistral – Gran Oficial (Chile). A escritora pertence à Academia Paulista de Letras e à Academia Brasileira de Letras. É membro do Pen Club do Brasil.
Ela escreveu contos, romances, antologias, crônicas, traduções, adaptações e participações em coletâneas. Mas poesias infelizmente não há nenhum registro.
Obras
Contos
Porão e sobrado, 1938
Praia viva, 1944
O cacto vermelho, 1949
Histórias do desencontro, 1958
Histórias escolhidas, 1964
O jardim selvagem, 1965
Antes do baile verde, 1970
Seminário dos ratos, 1977
Filhos pródigos, 1978 (reeditado como A estrutura da bolha de sabão, 1991)
A disciplina do amor, 1980
Mistérios, 1981
A noite escura e mais eu, 1995
Venha ver o por do sol
Oito contos de amor
Invenção e Memória, 2000 (Prêmio Jabuti)
Durante aquele estranho chá: perdidos e achados, 2002
Meus contos preferidos, 2004
Histórias de mistério, 2004
Meus contos esquecidos, 2005

Romances
Ciranda de pedra, 1954
Verão no aquário, 1963
As meninas, 1973
As horas nuas, 1989


 
As Meninas trata-se, sem dúvida, do mais importante romance de Lygia Fagundes Telles. Escrita em 1973 é resultado do esforço de três anos de trabalho dessa autora perseverante, que valoriza a palavra e mostra, através de seus textos, a luta de todos nós em defesa da liberdade. O texto de Lygia Fagundes Telles não cai na vulgaridade, não se banaliza. A linguagem é coloquial e expressiva e os diálogos abandonam as conveniências formais.

O romance As Meninas oferece-nos, de um lado, um painel saboroso das vivências de três pessoas em busca de si mesmas; de outro, uma amostra dos problemas cruciais que agitaram a juventude durante um dos períodos mais conturbados da história do Brasil, que Lygia Fagundes Telles teve a ousadia e a coragem de denunciar.




Ciranda de Pedra, primeiro romance de Lygia Fagundes Telles, datado de 1954, reproduz o comportamento humano e seus relacionamentos. Isso é feito a partir de Virgínia, a protagonista, que vive uma complexa situação familiar e tenta ultrapassar as limitações sociais de um mundo masculino e busca uma identidade que defina um ser completo. Mais que apenas uma afirmação da condição feminina, da procura por independência e autosuficiência, o que a autora produz é uma reflexão sobre a própria condição humana, sobre a impossibilidade de se participar na ciranda de pedra.





O romance As Horas Nuas, publicado em de 1989, mostra os problemas da condição humana como a loucura, o amor, a morte. Rosa Ambrósio – uma excêntrica e decadente atriz que faz um balanço da sua vida em meio ao álcool e à solidão, medíocre, mãe egoísta, dona-de-casa descuidada – é uma alcoólatra que atravessa a linha que separa a loucura da lucidez, sofrendo da PMD – psicose maníaco-depressiva.